segunda-feira, 7 de maio de 2012

Consumidor busca atividades em grupo


Imagem: Internet
Aulas de Pilates em grupo - opção completa


O mercado de academias de ginástica vive uma nova onda com o avanço das modalidades feitas em grupo. De aulas de dança a lutas marciais, os exercícios coletivos que combinam entretenimento e alta queima calórica atraem mais consumidores.


Para especialistas, a busca por essas novas modalidades é um contraponto a um mundo individualista, que nos últimos anos privilegiou a malhação solitária em aparelhos de musculação.


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"Em grupo, as pessoas se sentem mais estimuladas a deixar o sofá de casa depois de um dia de trabalho e ir à academia", diz o gerente geral da feira Fitness Brasil, Gustavo Almeida. Uma das maiores atrações da 22ª edição da feira, encerrada na terça-feira em Santos, foi a Zumba. Esta modalidade aeróbica foi criada por colombianos nos Estados Unidos no fim dos anos 2000 e une dança e ritmos latinos e do pop internacional.


As demonstrações ao vivo da Zumba, na feira, atraíam dezenas de visitantes que imitavam os dançarinos vestidos com roupas em néon. "Zumba não é uma aula de ritmo, é aeróbica com passos de dança", observa o professor de educação física Jonatas Andrade. Ele trabalha em uma academia no Guarujá (SP) e acaba de fazer o curso de oito horas e recebeu o certificado, por R$ 365.


A estratégia de capacitar profissionais para dar aulas de Zumba é considerada um dos sucessos da marca. Em vez de cobrar royalties pela reprodução do programa original, a empresa treina professores ao redor do mundo a um custo relativamente baixo.


A Zumba tornou-se o maior programa registrado de "dança-fitness" do mundo. Está presente em mais de 125 países com 12 milhões de praticantes, por semana. Segundo o CEO da Zumba Fitness, Alberto Perlman, a ideia é introduzir o conceito de "exercício disfarçado". As coreografias alternam movimentos rápidos e lentos, promovendo a queima de até 1.000 calorias em uma hora de atividade. "A ideia é se divertir e se livrar do estresse, como que dançando em uma boate", diz Perlman.


A Kangoo Jumps, que comercializa no Brasil os famosos "patins com molas" desde 2009, também enxerga o sucesso das atividades em grupo. O calçado foi criado na Suíça como tratamento pós-cirúrgico (reduz em até 80% o impacto sobre as articulações), mas hoje é usado tanto em aulas de ginástica individuais e coletivas.


O diretor geral da Kangoo no Brasil, Julio Neves, observa que já há grupos na cidade de São Paulo que fazem corridas de rua usando os patins com mola, a exemplo dos passseios dos "night bikers", os ciclistas que fazem percursos juntos à noite.


Waldyr Soares, presidente da Fitness Brasil, relaciona o sucesso dessas atividades ao amadurecimento do mercado sob o signo do bem-estar. "A população brasileira com 60 anos ou mais já é de 19 milhões. Para 2045, o IBGE prevê que serão 45 milhões de pessoas. Isso mostra que o brasileiro está vivendo mais e melhor".


O executivo lembra que há cinco anos ainda imperava no Brasil a indefectível correlação de academias como templos dominados pelo hedonismo, cuja melhor tradução eram as salas de musculação capitaneadas por atletas hipertrofiados. Hoje, diz, a pirâmide inverteu. A participação das modalidades funcionais, que integram o corpo como um todo, ganham espaço frente à tradicional musculação, que foca um músculo por vez.

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Soares calcula que as atividades tradicionais respondam por 40% das modalidades nas academias. As funcionais (pilates, TRX, danças e "spinning", por exemplo) correspondem a outros 40%. E os 20% restantes são representados pelas terapias de reabilitação e lutas. "Academia que não tem pilates hoje está perdendo dinheiro", garante. Mesmo a musculação, da qual Soares é adepto, mudou. O objetivo não é mais "ficar grande", mas manter a massa muscular.


Entre as novidades que seguem o conceito multifuncional está a barra com elástico. Considerada leve (pesa 300 gramas), permite reproduzir em três dimensões gestos corriqueiros, modulando a intensidade conforme a extensão do elástico. O equipamento trabalha com força, resistência, estabilidade, coordenação e equilíbrio.


"Nas academias acaba-se treinando o músculo de forma isolada", afirma Cida Conti, coordenadora técnica na América Latina da Gymstick International, empresa finlandesa que produz e vende o produto. Um dos pontos altos da barra é a portabilidade. Uma das versões apresentadas em Santos é a retrátil, que permite diminuir a barra de 130 cm para 73 cm.


Da mesma fabricante, outra novidade é a caminhada nórdica. Criada para auxiliar na neve, a modalidade foi adaptada ao asfalto. É realizada com dois bastões com os quais o atleta consegue gastar duas vezes mais calorias que numa caminhada regular. Os bastões servem de apoio às passadas, e, ao tocarem o chão, projetam a mesma força em direção contrária, impulsionando o atleta para frente.


"Eles têm um papel diferente da muleta ou da bengala, propulsionam para frente, ampliando a passada", diz Cida.

Fonte:Valor Econômico 3/5/2012

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